Deus é pequeno: é nisso que acredito.
Pequeno como mão de criança, a qual aperta nosso dedo pela primeira vez.
Pequeno como a uva que alimenta o faminto.
Pequeno como a folha que cai e colore o outono.
Este é o Deus que conheço.
Mas nem todos o conhecem, porque nos ensinaram a vê-lo gigantescamente longe, e, claro, enorme.
Enorme como a mão que esgana.
Enorme como a uva que faz engasgar.
Enorme como a árvore que observa o cair das folhas sem saudade.
Para Rubem Alves, o divino é:
"uma gota de orvalho, uma amora roxa, uma cambalhota que tiziu, um raio de sol numa teia de aranha, a cor de uma joaninha, um bombom, uma bolinha de gude, um amigo, uma acertada de bilboquê: coisas pequenas, sem preço."Por isso, o meu Deus é pequeno.
Tão pequeno que vejo todo dia.
Todo dia de tão grande.
Tão grande que eterno.
E do eterno... Amém.